Perceber o Nobel de 2016

Infelizmente, o Nobel não foi exactamente para quem eu gostaria que tivesse ido. Os vencedores acabaram por ser Oliver Hart e Bengt Holmstrom, pelos seus contributos para a teoria dos contratos.

Eu tenho uma ideia do que é a teoria dos contratos, mas confesso que nem conhecia estes dois, tal como também não conhecia os vencedores de 2007 ou de 2012 – e do Jean Tirole, enfim, ‘já tinha ouvido falar’. Talvez a economia esteja a entrar rapidamente no território dos rendimentos marginais decrescentes, e a notoriedade dos vencedores acabe por reflectir isso mesmo. Ou talvez seja só de mim, que não ligo muito à microeconomia.

Em todo o caso, e para quem quer saber por que é que o Nobel foi para quem foi, o Economist’s view tem hoje uma excelente compilação de textos acerca do trabalho de Hart e Holmstrom. Há dois especialmente interessantes: o de Noah Smith, na Bloomberg – An Economics Nobel for examining reality – e The performance pay Nobel, no Marginal Revolution. Que explica de maneira simples o que é que tudo isto significa e de que forma é que a investigação de Hart e Holmstrom se liga a um dos grandes temas do nosso tempo: a remuneração dos CEO.

Holmstrom’s work has lot of implications for structuring executive pay. In particular, executive pay often violates the informativeness principle. In rewarding the CEO of Ford for example, an obvious piece of information that should used in addition to the price of Ford stock is the price of GM, Toyota and Chrysler stock. If the stock of most of the automaker’s is up then you should reward the CEO of Ford less because most of the gain in Ford is probably due to the economy wide factor rather than to the efforts Ford’s CEO. For the same reasons, if GM, Toyota, and Chrysler are down but Ford is down less then you might give the Ford CEO a large bonus even though Ford’s stock price is down. Oddly, however, performance pay for executives rarely works like a tournament. As a result, CEOs are often paid based on noise.

The basic framework has since been applied in many different circumstances because principal-agent can be interpreted in many different ways employer-worker, teacher-student, regulator-banker and so forth. Thus the basic insights have been reflected in a wealth of applications each of which adds to the body of theory.

Salário Mínimo: guia para uma meta-discussão

A discussão acerca do Salário Mínimo Nacional (SMN) é muitas vezes frustrante. Para quem vê a troca de argumentos de fora, pelo menos, nem sempre é fácil perceber o que é que ali resulta de diferenças na análise económica, de preferências normativas antagónicas, de ignorância ou apenas de má-fé.

Por isso talvez seja útil uma abordagem diferente. Em vez de repetir argumentos, podemos começar a conversa por enunciar aquilo com que todos concordamos: o SMN tem prós e contras e convém pesar tudo muito bem antes de tomar qualquer decisão.

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A trágica fortuna dos licenciados*

O Expresso deste fim-de-semana (versão impressa, sem link) tinha uma notícia acerca da evolução dos salários ao longo dos últimos anos. A conclusão era que as remunerações líquidas dos licenciados foram as que mais caíram – 9,4% entre 2011 e 2014, contra 3,4% (ensino secundário) e 1,8% (ensino básico).

É fácil concluir, a partir destes números, que ter uma licenciatura conta pouco no mercado de trabalho português. Claro que o jornalista não dá esse salto, mas esta é uma convicção tão generalizada que não duvido que notícias deste género acabam, mesmo que inadvertidamente, por confirmar o preconceito de quem acha que Portugal é um “país de doutores” onde o grau académico se trivializou.

Quem está convencido disso pode achar interessante o quadro seguinte, que fornece uma visão mais completa das sortes relativas de cada grau de educação em Portugal. Sim, o salário médio dos licenciados caiu mais do que o do resto da população. Mas, no geral, e salientando que as comparações são sempre relativas, não faz muito sentido dizer que se saíram pior do que os outros.

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* Título roubado a Pedro Portugal, que tentou desmontar o mito há mais de 10 anos.

Os salários e a produtividade pela centésima vez

Quando inaugurei este blogue, há pouco mais de dois anos, escrevi uma série de posts acerca de competitividade (1, 2, 3 e 4). A ideia principal era que grande parte do debate em torno da questão estava enviesado por uma compreensão deficiente dos Custos Unitários do Trabalho. A maior parte dos comentadores via os CUT a subir e tinha a reacção típica: lá estão os salários a subir acima da produtividade. Um cronista do Expresso chegou a afirmar, sem se dar conta do absurdo, que em Portugal os salários tinham crescido 12 vezes acima da produtividade.

Claro que nem os salários subiram acima da produtividade nem os CUT podiam dizer muito acerca disso. Pela simples razão de que este indicador compara duas realidades diferentes: a produtividade real com a remuneração nominal. Felizmente, alguém na Comissão Europeia se deu ao trabalho de comparar o que pode ser comparado antes de falar de produtividade e salários. O resultado vem no último relatório do Procedimento por Desequilíbrios Macroeconómicos.

A economia sofreu um importante ajustamento dos salários reais nos últimos anos. Os salários reais já estavam a crescer abaixo da taxa de crescimento da produtividade antes da crise económica (gráfico 2.3.4). Esta tendência tornou-se mais pronunciada após 2010, devido à moderação do crescimento dos salários nominais e a um crescimento sustentado da produtividade do trabalho.

Sem Título

Sobre a estagnação de rendimentos da classe média

Sobre desigualdade, uma entrada que vale a pena ler: A brief history of middle class economics, por Jason Furman. O artigo está cheio de factos estilizados muito interessantes para quem segue o assunto.

Starting in 1973 and running through 1995, two of the three factors that had been driving middle-class incomes derailed. Labour productivity growth slowed dramatically to only 1.4% annually, in part due to the exhaustion of pent-up innovations from WWII, reduced public investment, dislocations associated with the breakup of the Bretton Woods international monetary system, and the oil shocks of the 1970s. Not only did the economy grow more slowly in these years, but these smaller gains were distributed increasingly unequally – the share of national income that went to the top 1% nearly doubled, while the share that went to the bottom 90% fell accordingly. As a result, productivity gains did not boost middle-class incomes, and average income in the bottom 90% declined by 0.4% a year during these years. One important factor that prevented a larger fall in middle-class incomes was greater labour force participation. The share of dual-income households rose as women surged into the labour force even faster than in the Age of Shared Growth.

Some alternative and likely more accurate measures of middle-class income show slight increases during these years. Real median household income as measured by the Census Bureau rose by 0.2% a year from 1973 to 1995. And after including employer-paid health premiums and adjusting for changing family size, the Congressional Budget Office (CBO) estimates that median income climbed 0.4% a year, and 0.7% a year after taxes and transfers. But regardless of how it is measured, middle-class income growth clearly slowed dramatically over this period.

Salários e emprego no sector público

Em e-mail, um leitor chamou a atenção para um gráfico, difundido na comunicação social, que mostra como o sector privado foi, ao contrário do que se diz, mais afectado do que o sector público por cortes salariais. A imagem, reproduzida em baixo, é retirada nos relatórios de avaliação do FMI.

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Neste caso, o problema é mesmo uma incorrecta interpretação dos dados (que não é nova, infelizmente). Os Custos Unitários do Trabalho (Unit Labor Costs, em inglês) não são – ou não são apenas – uma medida da evolução dos salários. Para perceber como evoluíram os salários médios, é para as remunerações por trabalhador que temos de olhar. O mesmo relatório do FMI apresenta esses números.

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A diferença entre os dois é simples. A compensation per employee é a remuneração (salários + complementos) de cada sector, dividida pelo número de trabalhadores. Já os ULC são um índice que combina a evolução das remunerações com a evolução da produtividade (ver a fórmula exacta aqui).

Mas julgo que, neste caso concreto, não é muito fácil perceber a ideia de calcular os CUT, uma vez que o crescimento da produtividade do sector público é, por convenção estatística, quase necessariamente nulo. Aliás, julgo que não é por acaso que a Comissão Europeia não calcula ULC desagregados para o sector público e privado, e teve de ser o staff do FMI a produzir as suas próprias estimativas* (conforme assinalado no documento, em nota de rodapé).

Já agora, e apenas para reforçar que nestas coisas dos números é preciso ter algum cuidado, chamo a atenção para um problema perturbador de que me apercebi há alguns meses e que diz respeito a comparações público/privado – neste caso, o emprego público.

Basicamente, há (pelo menos) duas formas de apurar o número de funcionários públicos. A primeira é utilizar os registos administrativos da Direcção-Geral da Administração Pública. Estes números abrangem todos os funcionários que trabalham em entidades ‘públicas’ no sentido económico do termo, e independentemente da forma jurídica concreta que essas mesmas entidades assumam. Ou seja, incluem desde empresas públicas, como a REFER, até trabalhadores de repartições das Finanças.

Infelizmente, só a partir de 2011 é que a DGAEP começou a publicar estes dados. A série que apresento em baixo junta a série da DGAEP a uma estimativa provisória elaborada pelo INE, e que cobre apenas o ano de 2010. O emprego público até caiu mais do que o emprego privado, segundo estes dados.

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A outra fonte é o Inquérito ao Emprego (IE), um instrumento utilizado pelo INE calcular os principais indicadores do mercado laboral. O IE tem valores para um período bastante extenso, mas tem o inconveniente de não delimitar exactamente o sector público. Há uma única categoria claramente pública: ‘Administração Pública, Defesa e Segurança Social obrigatória’ – o resto, como hospitais, escolas e empresas dos transportes está espalhado pelo resto das categorias dispersas do INE.

Os quadros de baixo comparam o emprego do sector privado e do sector público utilizando dois métodos: i) Inquérito ao emprego, assumindo que apenas a ‘Administração Pública, Defesa e Segurança Social obrigatória’ é uma categoria pública; ii) Inquérito ao Emprego, assumindo que sectores da Educação e da Saúde são também públicas. Como se vê, a situação é tudo menos clara.

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* Uma nota para puristas. Os ULC são habitualmente calculados utilizando valores das Contas Nacionais. Os ULC calculados pelo FMI são, aparentemente, obtidos através de uma mistura de fontes: Contas Nacionais e Inquérito ao Emprego. A mistura explica-se, provavelmente, pelo facto de só com este mix ser possível calcular os ULC para períodos anteriores a 2011, para o qual as Contas Nacionais não dispõem de números para o número de funcionários do sector público. E também explica o porquê de não ser possível (eu, pelo menos, não consegui) replicar as contas do FMI utilizando os dados ‘canónicos’ das Contas Nacionais.

Salários desde 1960

Cada segmento representa a taxa de crescimento média dos salários reais ao longo dos cinco anos anteriores. Crescimentos altos estão assinalados por verde carregado, contracções abruptas estão assinaladas por vermelho escuro (a correspondência de cores aparece em baixo). Os países foram ordenados, de forma bastante livre, em quatro grupos: anglo-saxónicos, nórdicos, periferia europeia (com a Itália, mas sem a Irlanda) e os restantes países europeus; o Japão aparece isolado, no início da tabela.

cc

Custos salariais

Um excelente post de Miguel Lebre de Freitas no The Portuguese Economy: The Real Wage Gap once again. (Uma curiosidade: os dois posts iniciais do autor – já em 2011, aqui e aqui – moldaram em grande medida a análise de Custos Unitários do Trabalho feita neste blogue).

1 – The claim that real wages have departed significantly above productivity does not match the national accounts data. In the case of manufactures, the maximum observed real wage gap amounted to 4.6%, during the 2009′ collapse of international trade, to recover one year after.

2 – In general the data supports the narrative that aggregate demand effects, rather than nominal wage stickiness explain the pre-2008 external imbalance: during the capital inflow episode, prices of non-tradable goods increased, pressing nominal wages up. This forced average productivity in manufactures to increase, in some cases with technological change, but mostly through the shutting down of low productivity firms, while labour was reallocated to low-productivity-growth non-tradable good sectors.

3 – The preliminary data for the bailout episode suggests that real wages have been evolving below productivity, not the other way around. By 2011, this trend was more evident in transportation and storage, financial services, and energy supply

4 – The preliminary data for 2012 also points to the case that real wages in manufactures fell short the productivity trend by some 4.6%. This suggests a scope for entrepreneurs to raise profits by hiring more workers. However, there are reasons to believe that in the current juncture, other factors apart from labour costs are constraining the entrepreneurs’ choices. This will be the subject of my next post.

A história dos salários que não desciam (ou será que descem?)

O Jornal de Negócios está a marcar a actualidade com a notícia de que a dimensão dos cortes salariais em Portugal está largamente subavaliada. Tudo porque a base de dados enviada pelo Governo ao FMI acerca da variação anual das remunerações exclui capciosamente uma parte dos dados – precisamente o subconjunto em que se verifica uma quebra mais acentuada das remunerações.

O quadro da polémica aparece na página 7 da última avaliação do FMI, que reproduzo em baixo.

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Para o FMI, a acumulação de actualizações salariais nulas é evidência de que há um limite à descida dos salarios, o que condiciona a possibilidade de as empresas fazerem um ajustamento às novas condições de procura através do preço. Não podendo o ajustamento ser feito pela via nominal, resta ajustar pela via real – isto é, através do desemprego. A constatação de que cerca de um quarto dos trabalhadores por conta de outrém teve, afinal, cortes salariais nominais de 2012 constitui um argumento de peso de que há algo de errado com esta hipótese do FMI.

O Jornal de Negócios reconstituiu hoje toda a história. A supressão dos dados ‘extremos’ parece ter constituído uma opção deliberada dos investigadores que em primeira mão os utilizaram (o antigo secretário de Estado Pedro Martins e o economista Pedro Portugal). Aparentemente, um problema de outliers:

[Pedro Martins] defende que “se fosse incluída no gráfico a informação completa sobre todas as variações teríamos valores muito baixos e valores muito altos”, justificando a eliminação de “situações anómalas”. Questionado sobre o facto de os gráficos excluírem maioritariamente variações negativas, Pedro Martins “desvaloriza um pouco” e refere possíveis questões metodológicas associadas à medição das remunerações, exemplificando “com a contagem ou não do subsídios de férias” ou “a redução de salários por redução de tempo de trabalho”, o que não é corte salarial.

É impossível fazer uma avaliação justa desta opção metodológica (se foi de facto uma opção, como parece ter sido) sem conhecer melhor os dados. Neste post gostaria apenas de focar dois assuntos.

O primeiro é que a ideia de rigidez nominal à descida de salários não é propriamente uma bizarria do FMI. Há ampla evidência de que os salários em Portugal resistem bastante à descida (ver, por exemplo, New Survey evidence on wage setting in Europe, do BCE, e vários estudos do Banco de Portugal), um problema que deixou de ser possível mascarar com a adesão a um regime de inflação baixa, como o que vigora na Zona Euro.

E esta aparente dificuldade em reduzir salários não aparece apenas na tabela da 7ª avaliação. Os dados das Contas Nacionais, do INE, dão indicações semelhantes. O quadro de baixo foi construído com base nas Contas por Sector Institucional, e basicamente mostra a variação da remuneração por trabalhador, desagregando (sector público vs. sector privado) os valores de 2011 em diante (para o período anterior não é possível um exercício semelhante, por falta de dados relativos ao emprego público).

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Um alerta prévio: estes dados não são completamente comparáveis com os do quadro do FMI. Os dados do INE mostram a evolução do salário médio em cada momento, que está naturalmente afectado pelo salário de quem só agora entra no mercado trabalho (efeito composicional), ao passo que os dados da Segurança Social mantêm a população ‘constante’. Em todo o caso, o resultado não deixa de ser impressionante: o salário médio apenas cai quando o sector público administra cortes remuneratórios. Expurgando esta variável do cálculo, o salário médio privado limita-se a estagnar.

Alguns dos dados administrativos disponíveis mostram um padrão semelhante. Em baixo coloquei o valor médio do salário declarado à Segurança Social, extraído do Banco de Portugal (por falta de valores para alguns meses, tive de interpolar números, que aparecem assinalados a vermelho tracejado). O BdP, por sua vez, retira-o das bases de dados da Segurança Social – que eu não sei se coincide ou não com a que esteve na base do estudo do FMI.

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Mas das duas uma: ou a base de dados é a mesma – e as variações negativas omitidas serão então necessariamente diminutas (para que no seu conjunto conduzam a uma redução do salário médio tão pequena como a que se vê na imagem); ou a base de dados é diferente – e nesse caso passamos a ter duas fontes independentes que parecem contradizer a tese de que tem havido cortes salariais substanciais.

Há porém um ponto relevante para esta discussão – e este é o segundo assunto -, que é frequentemente esquecido. A redução salarial de uma empresa torna-a competititiva e permite-lhe, por esta via, manter-se no mercado e assegurar o seu emprego. De um ponto de vista agregado, porém, esta lógica colapsa, porque uma redução salarial generalizada, aumentando a rentabilidade das empresas, tem também um impacto de sentido oposto na procura efectiva (↓ salários → ↓ rendimento disponível  consumo). O resultado final desta opção pode ser marginalmente positivo, marginalmente negativo ou pura e simplesmente nulo.

O único mecanismo seguro através do qual a desvalorização salarial pode de facto estimular o crescimento é se a redução de custos se transmitir aos preços finais, embaratecendo as exportações relativamente às exportações dos outros países e tornando os produtos não transaccionáveis relativamente mais apetecíveis face aos produtos importados. Mas este mecanismo – chamemos-lhe o câmbio real – só funciona se os salários acabarem, de uma forma ou de outra, por ‘contaminar’ os preços no consumidor.

É isso que está acontecer? É difícil saber. Em baixo apresento uma imagem com a variação do preço efectivo da produção nacional (deflator do PIB) e a sua variação ‘esperada’ caso ela dependesse apenas dos salários (1) ou da evolução dos salários ‘corrigida’ pela evolução da produtividade (2). O deflator é quase perfeitamente explicado pelo indicador (2) – como seria óbvio se os dados fossem apresentados em nível em vez de sob a forma de variações anuais. Mas em 2011 e 2012 parece haver um desvio crescente entre os preços efectivos e os preços ‘esperados’ caso os salários estivessem a ser repercutidos no preço final.

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Provavelmente, esta bizarria reflecte apenas algumas idiossincrasias da economia portuguesa, como o facto de os cortes se terem registado sobretudo no sector público. Mas também pode indicar rigidez dos preços finais – sobretudo quando as variações se aproximam do zero. O que implica, consequentemente, que a redução de salários não é uma forma rápida e eficaz de colocar a economia a crescer (pelo menos no actual contexto).

Em suma: tão importante como saber se está a haver, ou não, cortes salariais, é saber de que maneira estão estes cortes a ser repercutidos no preço. E sobre isso os relatórios da Troika não dizem muito.