A convergência para a média é um conceito simples e poderoso. Permite explicar muitos fenómenos interessantes e que à primeira vista não partilham quase nada em comum – desde a melhoria da situação clínica de pacientes que experimentam terapias alternativas, até ao aparente sucesso das chicotadas psicológicas no futebol. O processo é sempre o mesmo: uma ilusão de óptica causada pela aleatoriedade presente em quase todos os fenómenos da existência humana.
E, contudo, a maior parte das pessoas tem imensa dificuldade em aceitar explicações desta natureza. A ideia de que ‘tudo o que sobe tem de descer’, e que portanto resultados extraordinariamente bons tendem a ser seguidos por resultados menos bons (da mesma forma que os ciclos negativos acabam por chegar ao fim), não é intelectualmente satisfatória. Não sacia aquele desejo muito humano de procurar causas identificáveis a gerar efeitos observáveis. Por essa razão, estamos condenados a viver num corrupio incessante de ‘surpresas’ e ‘desilusões’ que se seguem umas após as outras, identificando surtos de optimismo e ciclos de más notícias onde provavelmente não há nada mais do que simples ruído.
A evolução do PIB no segundo trimestre é, suspeito, um bom exemplo disso mesmo. À primeira vista, parece uma enorme travagem. O PIB cresceu 0,2% em cadeia, depois de três trimestres a crescer entre os 0,7 e 1%. Mas será que o PIB está hoje muito acima – ou muito abaixo – do que se esperava que estivesse? Não. O PIB está mais ou menos onde devia estar segundo as previsões feitas pela Comissão Europeia em meados de 2015: com um valor trimestral (a preços constantes) na casa dos 44,3 mil milhões de euros.