A OCDE publicou o Economic Survey de Portugal e uma das coisas que mais chamou a atenção foi a previsão de que a taxa de desemprego já não vai descer abaixo dos 10%. Segundo as previsões do boletim, o desemprego ainda vai cair este ano – de 11,1 para 10% -, mas a partir daí não há melhorias à vista.
Eu imagino o que poderá ter levado a OCDE a inscrever estes números no seu cenário central – e consigo pensar em pelo menos três ou quatro boas razões para acreditar que o futuro um pouco menos sombrio do que isto. Mas quem não tem o mínimo interesse na discussão em torno de taxas naturais de desemprego pode achar instrutivo o gráfico seguinte.
Como podem ver, as previsões da OCDE têm sistematicamente subestimado a descida do desemprego. Ok, também subestimaram a subida do período 2009/2012. Mas tanto um erro como o outro resultam, julgo eu, do mesmo problema de fundo: as previsões assumem sempre, pela forma como são construídas, uma excessiva convergência para a média. As quebras estruturais não passam-lhes ao lado.
Hey, e isto é o (ou uma parte do) tema da minha coluna no Jornal Económico desta semana, que se repete todas as sextas-feiras (o artigo, não o tema!). A partir de quinta-feira o artigo é desbloqueado no site.