O INE divulgou a Estimativa rápida para o PIB e o Inquérito ao Emprego do quarto trimestre. Ambos os boletins revelaram resultados desapontantes. A economia contraiu mais do que se esperava (1,8% face aos três meses anteriores) e a destruição de emprego registou a maior subida desde que há dados trimestrais, como salientava hoje o Público.
Mais curiosa é a forma como a relação entre ambas as variáveis, que costumam estar umbilicalmente ligadas, tem vindo a evoluir. Se já havia sinais de que a Lei de Okun podia estar a mudar de forma, os dados mais recentes parecem confirmar completamente esta ideia, à medida que o impacto do crescimento no mercado laboral é sucessivamente mais forte do que é sugerido pela relação histórica entre os dois agregados.
O quadro em baixo emparelha a variação trimestre a trimestre do PIB real com a variação do volume de emprego no total da economia. A recta, que é uma estimativa simples da relação entre ambas, confirma as propriedades habituais da Lei de Okun – com crescimento zero há destruição de emprego (o crescimento da produtividade absorve alguns postos de trabalho) e uma variação do PIB de 1% implica uma variação do emprego de cerca de metade desse valor.
A baixo da recta de tendência surgem quatro dos trimestres mais recentes. Uma forma ainda melhor de constatar este efeito é comparar a variação do emprego que se verificaria em cada trimestre tendo em conta a tendência histórica e a variação que efectivamente teve lugar. O quadro de baixo, construído com valores efectivos e uma média móvel de quatro trimestres, é bastante elucidativo.
O que explica este comportamento do mercado laboral? Um bom tema para investigação.