O BCE também já anunciou a sua nova arma de combate, o Outright Monetary Transactions, que substitui o Securities Market Programme como mecanismo de compra de dívida pública no mercado secundário.
A imprensa económica chamou-lhe a ‘bazuca’ de Draghi, embora as diferenças entre as duas me pareçam menores do que o necessário para justificar o apodo. O grande avanço, parece-me, é no grau de compromisso demonstrado pelo BCE, que é consubstanciado no anúncio público de que o programa não terá limites quantitativos. Ao garantir a condicionalidade pelas ‘portas travessas’ do FMI/FEEF/MEE, o Banco também minimiza os riscos de ‘moral hazard’.
Havia grande expectativa em relação à possibilidade de o BCE esterilizar, ou não, estas operações, à semelhança do que fez com o SMP e ao contrário do que fizeram o Bank of England e a Fed com as suas operações de ‘quantitative easing’. Admitindo que possa estar a ver mal a situação, parece-me um ponto pouco relevante. Isto porque o BCE já está a conduzir operações de refinanciamento (leilões habituais à banca) sem limite quantitativo. A banca obtém toda a base monetária que quiser.
Ou seja, e em termos práticos, o BCE compromete-se a retirar a liquidez injectada ao abrigo do programa OMT, mas admite injectar uma quantidade ilimitada através da sua política monetária convencional. A não ser que, por alguma razão insondável, a base monetária criada para os Estados seja diferente da base monetária criada para os bancos, a esterilização do BCE não será mais do que um ‘descargo de consciência’ e/ou uma forma de garantir aos alemães que não será por causa do OMT que a inflação poderá acelerar.