E se os custos salariais forem mais baixos do que se pensa?
O Banco de Portugal (BdP) colocou a hipótese em 2010. Segundo o BdP, o encerramento da Caixa Geral de Aposentações a novos subscritores introduziu uma ruptura no tratamento dos dados das contribuições sociais pagas pela entidade patronal (o Estado, no caso), que aumentou artificalmente os custos salariais identificados nas estatísticas oficiais produzidas pelo INE (ver a caixa 2 do Boletim Económico de Verão de 2010).
Isto é relevante porque é com base nestes custos salariais que são calculados os Custos Unitários do Trabalho, o principal indicador de competitividade analisado pelos organismos europeus e, cada vez mais, pelos próprios observadores da Troika.
A novidade é que o BdP vai começar a publicar periodicamente uma nova série com a Taxa de Câmbio Efectiva Real de Portugal, deflacionada pelos Custos Unitários do Trabalho mas ajustada à alteração metodológica introduzida pelo INE. A diferença entre o indicador oficial, calculado pelo BCE com base nos dados do INE, e o indicador “ajustado”, é significativa.
A série pode ser acedida no Boletim Estatístico (tabela D.123).